A explicação detalhada sobre a forma de operação da ETE foi feita por técnicos da construtora Consórcio Acquadom/SCS e foi acompanhada também pelo diretor comercial da empresa, José Edgard Camolese.

Acompanharam a instrução, que durou em torno de três horas e foi feita sob fina garoa, o gerente Químico da Coden, José Hilário Pessoa, e as equipes do Departamento Técnico e da Segurança do Trabalho da Companhia. Também estava presente o engenheiro Antonio Carlos Sacilotto, responsável pelo projeto estrutural da Estação.

A um custo de R$ 11,6 milhões, a ETE Quilombo é a principal obra do Plano Diretor Municipal de Esgotamento Sanitário e será responsável por tratar 100% do esgoto doméstico urbano produzido pela população da cidade, o equivalente a 185 litros por segundo ou 50.000 habitantes, com um índice de redução de material orgânico de 96%, considerado excelente.

A Coden, como concessionária dos serviços municipais de Água e Esgoto, é interveniente da obra e será a responsável pela operação da ETE Quilombo, construída pela Prefeitura em parceria com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal. A ETE também é considerada a maior obra pública da história de Nova Odessa, com investimento total direto (na obra) e indireto (nas tubulações que levaram o esgoto até o local) da ordem de R$ 24 milhões.

Fase de testes

“Agora, entramos na fase de testes dos equipamentos, num primeiro momento apenas com água. Em breve, a Coden vai receber formalmente a obra e assumir a vigilância e operação da ETE Quilombo. Já estamos em fase de elaboração de um edital para a contratação de uma empresa especializada para sua operação”, explicou Ricardo Ongaro.

Ao longo das próximas semanas, serão gradualmente testados o funcionamento das bombas, circuitos e painéis elétricos, painéis de controle e a própria tubulação que conduz o esgoto de um equipamento a outro e de um tanque a outro dentro da própria ETE.

“Acredito que, dentro de 60 dias, devemos dar o ‘estarte’ na ETE, introduzindo inicialmente o esgoto da bacia do Córrego Recanto, para criarmos as colônias de bactérias. Esta fase deve durar em torno de seis meses. Depois, será acrescido o efluente do restante dos bairros urbanos do Município, através do Interceptor de Esgoto Quilombo, em fase final de obras. Quando ela estiver em plena operação, devemos receber a licencia de operação definitiva”, adiantou o presidente da Coden.

ETE moderna

A ETE Quilombo é composta por dois reatores compactos mistos aeróbios-anaeróbios do tipo “U-Box”, tecnologia holandesa em que as duas fases do tratamento ocorrem no mesmo tanque, e não em “lagoas” separadas.

O esgoto entra pela metade inferior do tanque, onde é digerido por bactérias anaeróbias (que não respiram oxigênio), sobe até a metade superior por ascensão, onde o ar é soprado na mistura e entram em ação as bactérias aeróbias (que respiram oxigênio). A ETE Quilombo é o maior projeto a adotar a tecnologia U-Box no Brasil.

Segundo Camolese, a concepção da ETE Quilombo “é muito moderna, porque os dois tipos de reator estão no mesmo tanque”.

“Isto traz diversas vantagens. A primeira é a menor necessidade de espaço. Ela também gera pouco ou nenhum odor e consome pouca energia, pois até 65% do esgoto é tratado na fase anaeróbia. Ao contrário do tratamento exclusivamente aeróbio, esta tecnologia também gera menos lodo, que ainda tem seu volume reduzido em uma centrífuga. E temos aqui um queimador do gás metano, que no futuro poderá até ser reutilizado”, disse o engenheiro e diretor da Acquadom.

Por fim, ele destacou a facilidade de operação da ETE Quilombo, quase totalmente automatizada e cuja limpeza interna dos equipamentos é feita por injeção de ar, e o fato dela ser modular, podendo ser expandida para tratar o esgoto de até 75 mil pessoas em breve através da construção de um terceiro módulo U-Box, cujos recursos já foram garantidos pela Prefeitura junto ao PAC.