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Coden é uma das primeiras da RMC a ter todo o processo de tratamento do lodo da ETA licenciado

11/09/2009 Por pepe

A Coden (Companhia de Desenvolvimento) de Nova Odessa, empresa responsável pelos serviços de Saneamento Básico na cidade e de propriedade majoritária da Prefeitura, é uma das primeiras autarquias da RMC (Região Metropolitana de Campinas) a ter todas as licenças ambientais do sistema de tratamento, desidratação e disposição final do lodo resultante do processo da ETA (Estação de Tratamento de Água).

E o próprio material resultante do sistema, atualmente depositado em Aterro Sanitário Controlado, deve ser objeto, em breve, de pesquisas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que vai averiguar se o lodo seco pode ou não ser utilizado como adubo para plantações.

O novo sistema foi inteiramente desenvolvido pela equipe técnica da própria Companhia, entre os anos de 2005 e 2009.

A Coden já havia obtido anteriormente, junto aos órgãos ambientais, as licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI) do sistema, que inclui dois tanques sedimentadores, cinco leitos de secagem e uma série de 20 “bags” verticais de desidratação – imensos sacos de material reciclável em que o lodo é “filtrado” e tem parte da água retirada.

Mais recentemente, após o acompanhamento e a aprovação técnica da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), finalmente a Companhia recebeu a Licença de Operação (LO), válida até 2014, quando deverá ser renovada.

O lodo

O lodo é resultado da decantação do material em suspensão na água bruta que vem das represas para a ETA, através da adição de produtos químicos. Trata-se, basicamente, de um tipo de barro rico em ferro e manganês, além dos produtos utilizados no tratamento da água, como cloro policloreto de alumínio (utilizado na coagulação de material orgânico), carvão ativado e flúor.

“Estes materiais, nas quantidades eliminadas, não devem representar perigo ao Meio Ambiente, o que será verificado pelo estudo do IAC”, explicou o chefe de Projetos e Contratos da companhia, Eric Anthony Padela.

Em determinadas épocas do ano, essa turbidez retirada da água chega a gerar de 2 a 3 m3 por dia de “material hidratado”, ou seja, de lodo com cerca de 99% de água em sua composição.

“De tempos em tempos isso vai acumulando e precisa ser descartado”, explicou o diretor-presidente da empresa, Ricardo Ongaro, ressaltando que todas as análises físico-químicas do lodo, exigidas pela Cetesb, foram feitas por uma empresa especializada, e que o material não traz riscos ao Meio Ambiente.

O sistema

Ao lavar periodicamente os decantadores da ETA, a equipe da Coden retira a maior parte da água dos tanques através de registros.

“Em seguida, bombeamos o lodo ainda com 99% de água para os tanques sedimentadores, onde o material fica por mais um tempo e perde a maior parte da água. A água que ainda permanece é retirada nos leitos de secagem e nos bags. No final do processo, resta apenas em torno de 25% de água no lodo”, disse Padela.

Por fim, o material semi-seco é enviado para uma empresa especializada na destinação final de resíduos sólidos, localizada em Paulínia.

“Esta destinação final tem um custo para a Coden, por isso estudamos reaproveitar o lodo, utilizando o material como adubo ou até mesmo, no futuro, para a fabricação de tijolos”, acrescentou o chefe de Projetos, destacando que o problema, neste caso, é a falta de legislação específica com regras para a reutilização do lodo, apesar das perspectivas promissoras.

O início

Foi a própria Natureza que “deu a idéia” de reutilizar o lodo ao ex-presidente da Coden, Sergio Molina, e ao prefeito Manoel Samartin, durante vistoria de rotina à ETA.

“Colocamos o lodo numa zimbra de concreto com um metro de diâmetro, para descarte. Mas, após uns 15 dias, percebemos que havia crescido capim no local, mais viçoso em relação ao capim do lado de fora. Daí surgiu a idéia de usar o lodo na Agricultura”, lembrou o gerente Químico Operacional da Coden, José Hilário Pessoa.

Reaproveitamento

Então, foi feita uma plantação experimental de milho de 300 m2. Em um terço da área, foi utilizado adubo químico. No segundo terço, nada foi adicionado ao solo. E, no último, foi utilizado o lodo como adubo.

A produtividade do milho adubado com lodo da ETA foi até 40% maior que o adubo químico. Por fim, o milho foi testado em laboratório. Teste parecido está sendo feito com cultura de arroz.
O lodo foi testado também na produção de tijolos, na qual se adicionou 20% do material à matéria prima (argila) – limite tecnicamente viável para não comprometer a resistência final dos blocos. Os resultados também são promissores.

Para Pessoa, o sistema de armazenamento e desidratação do lodo desenvolvido e testado ela Coden pode ser adotado em pequenas e médias ETAs. “A vantagem dos leitos de secagem é que eles não gastam energia, não tem custo de operação e manutenção, como no caso de uso de centrífugas. Mas em grandes estações, ficaria complicado por causa do espaço”, completou o gerente Químico Operacional da Coden.


 

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