“Existem pessoas que acham que é fácil captar a água da represa e tratar, mas isso é bem mais complicado do que todos imaginam”, afirmou José Hilário Pessoa, gerente químico operacional da Coden (Companhia de Desenvolvimento) de Nova Odessa. Por dia, a Coden capta cerca de 15 milhões de litros de água bruta para tratamento e distribuição no município. Só das represas do Complexo Recanto, são 7,5 milhões de litros por dia, que passam por um rigoroso processo de tratamento até chegar nas torneiras da população.
Mas as represas de captação sofrem também com toda a variação do tempo. No caso de Nova Odessa, elas têm passado por um processo chamado eutrofização, um fenômeno que afeta inúmeros lagos e rios, alterando o equilíbrio do ecossistema e deteriorando a qualidade da água, o que limita a sua utilização, aumentando o gás sulfídico, o metano e até o dióxido de carbono presente na água.
“Com este quadro que estamos tendo em nossa captação, tenho que tratar duas vezes mais a água (ou seja, gastar duas vezes insumos) para continuar fornecendo água tratada adequada às regras da portaria 518, que traz 120 parâmetros. Estamos tendo de nos reorganizar para cumpri-los até conseguirmos deixar nossa água com a mesma qualidade padrão que o novaodessense está acostumado”, comentou Hilário.
O problema começou na estiagem de 2003, quando as represas do Complexo Recanto, tiveram uma baixa considerável em seu volume de água. “Na Represa 2 por exemplo, cresceu em extensão uma vegetação própria de lugares secos. Com a volta das chuvas, esta vegetação acabou ficando em baixo de água. Como a planta não era aquática, aconteceu o apodrecimento e ai a eutrofização, deixando a água com outro aspecto, o que leva à necessidade de um maior tratamento”, disse o diretor-presidente da Coden, Sérgio Molina.
Este problema veio a tona nos últimos dias, com a queda de 75 milímetros de chuvas na segunda e terça-feira, que fizeram com que algumas plantas em decomposição submergissem na represa, dando uma coloração amarelada à água e um cheiro forte característico.
Recentemente, a Coden solicitou uma avaliação de pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Foi constatado que, com a ajuda de herbicidas, seria possível eliminar o problema da vegetação, mas o uso da água ficaria comprometido. “Hoje em dia nosso problema é somente o tratamento duplo, pois se está ruim com esta planta, pior ficaria não podendo utilizar a água devido aos herbicidas”, disse Molina, reforçando: “vamos continuar tratando a água como estamos fazendo, com um aumento de 100% na utilização de produtos químicos comparado às épocas normais”. “E a população não precisa se preocupar com a qualidade, pois este é o nosso propósito, continuar dentro das normas”.
São feitas análises de toda a água captada pela Coden de hora em hora, por uma equipe operacional formada por técnicos químicos. Eles monitoram flúor, turbides, PH e outros parâmetros. São feitas também análises semanais, mensais e as semestrais mais detalhadas.
Outro fator que diferencia a Coden é questão da seriedade em suas análises bacteriológicas mensais. Pela portaria 518, seriam para ser feitas 50 análises mensais. Nova Odessa realiza 85 análises de cloriformes fecais e totais e de metais presentes na água tratada. “Temos o controle da saída da Estação de Captação, até a ponta do reservatório, que são as residências”, afirmou Hilário.