Dependendo do resultado da licitação, estima-se um custo em torno de R$ 870 mil nos primeiros 12 meses de adoção da nova tecnologia de tratamento – uma das que estão substituindo o gás cloro, gradativamente, em países desenvolvidos.

Normalmente adicionados na primeira fase do tratamento, logo na calha onde a água bruta entra na ETA, ambos os produtos servem para oxidar os metais naturalmente presentes no líquido, bem como reduzir a concentração de matéria orgânica, como microalgas e micro-organismos em geral. Por isso, são considerados agentes oxidantes e de desinfecção.

Segundo o gerente Químico da Coden, José Hilário Pessoa, autor do Estudo de Tratabilidade que norteou a decisão pela troca, “em relação ao gás cloro, o dióxido de cloro tem como vantagem o fato de não formar trihalometanos e ácidos alifáticos, subprodutos da desinfecção que eventualmente podem gerar gosto ou cheiro na água tratada”.

“Além de ser altamente oxidante e duas vezes e meia mais eficiente que o gás cloro, o dióxido de cloro não gera estes compostos indesejáveis, que são aromáticos”, explicou o químico industrial, pós-graduado em Gestão Ambiental. “Mesmo atualmente, tais episódios são bastante raros na Coden, e sua ocorrência deve diminuir ainda mais com a adoção do dióxido de cloro”, disse.

Descoberto em 1811, o dióxido de cloro é utilizado desde 1944 no tratamento de água para consumo humano e é bastante comum na Europa e Estados Unidos. O novo produto também tem alto poder de ação residual após aplicação e é eficiente contra vírus e bactérias, por exemplo.
“Seremos novamente referência na região. Quando lançamos a utilização do cloreto de polialumínio, muitos técnicos vieram e ainda vêm nos visitar. O mesmo deve acontecer em breve com esta novidade”, acrescentou o especialista em tratamento de água.

As características da própria água bruta das represas da Coden justificam a adoção desta alternativa à desinfecção. “Isto devido à alta concentração de ferro e manganês na bacia do Córrego Lopes, responsável por 50% da nossa captação, e pela presença de microalgas e macrófitas ellodia na bacia do Córrego Recanto, responsável pelos outros 50% do volume de água bruta captada”, destacou o gerente.

Como a substituição é imperceptível para os consumidores nem traz riscos no consumo da água tratada, a Coden já realizou um período de 15 dias de testes com o novo produto, que se mostrou totalmente viável. Após terminada a licitação, a fase de adequação e mudança para o novo produto deve levar mais 30 dias. Mas não haverá necessidade de suspensão do abastecimento.

Em números

Atualmente, a Coden utiliza em torno de 70 quilos de gás cloro por dia no tratamento da água, em conjunto com carvão ativado, que também auxilia na retirada dos “compostos indesejáveis” naturalmente presentes na água das represas. Já com a adoção do dióxido de cloro, como não serão mais gerados os tais “compostos indesejáveis”, serão utilizados apenas 20 quilos por dia do novo produto – e sem a necessidade do “reforço” do carvão ativado.

Apesar de mais caro, a economia com os demais insumos que deixarão de ser utilizados tornará a mudança mais vantajosa economicamente para a Companhia. E o ClO2 é mais barato, por exemplo, que o uso de ozônio, como nas piscinas olímpicas.

“É o mesmo produto utilizado, por exemplo, em indústrias alimentícias e de bebidas, por evitar o surgimento de aromas na água. A água da Coden, que já é de ótima qualidade e atende anualmente a todos os requisitos e parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, será ainda de melhor qualidade, e sem a utilização de outros produtos adicionais no tratamento. Nossa ideia é manter a alta qualidade da água tratada e distribuída pela Coden à população de Nova Odessa. Por isso, há neste momento a necessidade deste investimento na ETA”, finalizou Hilário.

As mudanças físicas necessárias na ETA são mínimas. As baias de contenção para os novos tanques de estocagem dos reagentes que geram on site o ClO2 já estão prontas. Após concluída a licitação para fornecimento do produto, haverá a instalação dos tanques e também do reator onde o produto é gerado e de onde ele segue para a calha de entrada da água bruta na Estação de Tratamento.

O fato de o dióxido de cloro ser gerado na ETA ainda diminui os riscos com o transporte e armazenamento do gás cloro comum.

Modernização da ETA

A Coden está na fase final da obra de reforma e modernização dos tanques decantadores 3 e 4 da ETA do Jardim Bela Vista e seus respectivos filtros. A melhoria deve ser concluída até o final do ano e visa aumentar em 25% a capacidade de tratamento de água da Coden sem a necessidade de construir novos tanques na ETA. O investimento inicial da Coden na melhoria é de R$ 642,5 mil, em recursos próprios.

A Coden é a empresa de economia mista responsável pelos serviços de Saneamento Básico (Água e Esgoto) de Nova Odessa, cujas ações pertencem majoritariamente à própria Prefeitura Municipal.