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Nível da Represa Lopes 2 cai e reservatório é reforçado com água do Pós-Anhanguera, da Represa Santo Ângelo

19/11/2009 Por pepe

Pouca gente se dá conta, mas Nova Odessa também é banhada pela bacia do Rio Atibaia. Bairros de chácaras da região do pós-Rodovia Anhanguera ficam às margens da Represa do Salto Grande, o que garante à Prefeitura o direito de captar água de um afluente da bacia do Atibaia, chamado de Córrego Santo Ângelo.

Pensando nisso, há quase 20 anos, o prefeito Manoel Samartin determinou a construção de um reservatório – a Represa Santo Ângelo – e uma ECA (Estação de Captação de Água) no local. E finalmente, agora em 2009, está sendo necessário, pela primeira vez, utilizar esta captação. O objetivo é manter a capacidade de captação de água bruta para tratamento, evitando qualquer risco de racionamento.

Na verdade, a água captada na Represa Santo Ângelo está sendo transferida, via adutoras e calhas, para outro sistema, formado pelas represas Lopes 1 e 2 (cujo córrego nasce no próprio território do Município). Esta água bruta está “reforçando” as reservas do Sistema Lopes, reduzidas por um volume atípico de chuvas na bacia, muito menor do que o volume historicamente registrado nesta região.

Desde meados de agosto, estão sendo transferidos, de uma bacia para outra, até 30 litros de água por segundo, de forma não constante. De sua capacidade total de 530 mil metros cúbicos, atualmente a Lopes 2 está com apenas 170 mil m3, o que representa pouco mais de 32% de seu volume máximo. Já a Santo Ângelo pode acumular até 100 mil m3, e está com aproximadamente 98% desta capacidade.

Desde o início do ano, a Coden (Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa) realizou uma série de pequenas melhorias necessárias tanto na ECA da Santo Ângelo quanto no sistema de adutoras e calhas que leva a água bruta até a bacia do Córrego Lopes. Os reparos incluíram uma nova instalação elétrica e nova bomba, entre outras coisas.

Um pouco de História

“Construímos a Represa Santo Ângelo, em 1990, com o interesse principal de fazer a passagem das Chácaras Recreio para a Praia Azul, mas também pensando em fazer este reservatório de água, que poderia ser utilizado no futuro. Em 1992, antes mesmo do término da construção da Represa Lopes 2, construí a Captação do Santo Ângelo e a adutora, feita de tubos de aço”, contou o prefeito Samartin.

O chefe do Executivo destacou que nunca havia sido necessário captar água da Santa Ângelo até agora. “Decidimos captar água no pós-Anhanguera, este ano, como precaução, para não deixar o nível da Represa Lopes 2 baixar além do mínimo necessário (para abastecer a captação mais abaixo, na Lopes 1). Nos últimos tempos, tem chovido pouco na bacia do Lopes, ninguém sabe explicar o porquê”, justificou.

Segundo Samartin, a construção da Represa Santo Ângelo “provou-se uma preocupação fundamentada”. “Construímos uma tubulação (adutora) muito cara na época, mas fiz porque queria deixar aquela represa como uma reserva, porque a área da bacia do Lopes não é tão grande assim. Por isso tínhamos, há 20 anos, esta tubulação pesada lá, prevendo este bombeamento. Temos que usar todos os recursos que temos para garantir a água da cidade”, completou o prefeito.

Por fim, Samartin pediu à Coden que, mesmo nos meses em que não seja necessária a transferência de água bruta entre as bacias, o equipamento da ECA da Represa Santo Ângelo seja acionado pelo menos uma vez por mês, “para manter tudo em ordem”.

Origem do problema é a pouca chuva na bacia do Córrego Lopes

Segundo o diretor presidente da Coden, Ricardo Ongaro, a queda no nível da Represa Lopes 2 deve-se a dois fatores extraordinários: poucas chuvas na bacia durante o período de estiagem e uma diminuição gradual, ano a ano, na vazão das nascentes do Córrego do Lopes.

De acordo com Ongaro, alguns proprietários de sítios e empresas na região da bacia mantêm pluviômetros, aparelhos que medem o volume de chuvas e cujos registros comprovam que, apesar do Inverno chuvoso na região, “nesta bacia, especificamente, choveu pouco, muito menos que em anos anteriores”.

“Na verdade, faz dois anos que chove pouco na região do Córrego Lopes, o que é muito estranho, mas é verídico. A vazão das três nascentes que abastecem a represa também diminuiu, provavelmente pelo rebaixamento do lençol freático em virtude da instalação de mais poços artesianos no entorno destas nascentes”, disse o engenheiro, destacando que a autorização e fiscalização destes poços cabem exclusivamente ao próprio DAEE.

“A Represa Lopes 2 (a principal deste sistema) foi construída para ser um ‘pulmão’ de água bruta para o abastecimento público. É natural que, em períodos de cheia, seu nível esteja elevado, e nos períodos de estiagem, seu nível baixe, já que a subtração de água (captação) é constante. Atipicamente, neste ano, ela baixou além do histórico, por causa dos dois fatores que citei”, explicou Ongaro.

Chuva, mais chuva e novas represas

Para que a represa volte ao seu nível normal, segundo o presidente da Coden, “vamos precisar de chuvas atípicas agora, no período de cheia”. “Precisa chover mais do que nos anos anteriores. Felizmente, as previsões dos órgãos meteorológicos é exatamente essa. Devemos aguardar”, resumiu.

Ele salientou a importância da medida paliativa tomada, de bombear água da Santo Ângelo para ajudar na recuperação do nível do sistema Lopes, e lembrou que Prefeitura e Coden já têm as autorizações ambientais e buscam atualmente recursos externos para a construção de duas novas represas na bacia do Córrego Recanto – as novas represas Recanto 4 e 5. A Coden poderá represar mais 215 milhões de metros cúbicos de água bruta. As obras são estimadas em R$ 1,8 milhão, e buscam-se recursos externos.

Apoio da população na economia de água

Por fim, Ongaro aproveitou para solicitar novamente a compreensão da população nas medidas básicas de economia de água, tanto no Inverno quanto no Verão, já que o consumo tende a aumentar nos meses quentes. “As pessoas devem diminuir a duração dos banhos, usar a água de limpeza com parcimônia, reaproveitar quando possível e evitar lavar carros e calçadas”, citou.

Entenda o sistema de reservação de água de Nova Odessa
Atualmente, a disponibilidade hídrica do município vem de um sistema de reservação composto por seis represas: Recanto 1, 2 e 3, Lopes 1 e 2 e a Santo Ângelo. O Córrego Recanto é o principal manancial de abastecimento.
A capacidade máxima de reservação de água bruta do sistema Lopes é de 750 mil metros cúbicos, enquanto a capacidade do sistema Recanto é de 2 milhões de metros cúbicos de água bruta – ou seja, as represas do Córrego Lopes representam pouco mais de 27% da capacidade total de armazenamento de água da Coden.
A maior parte das reservas do Sistema Lopes fica na represa 2, a montante (acima). A água é captada na Lopes 1, a jusante (abaixo), e segue por uma tubulação até a ETA (Estação de Tratamento de Água) do Jardim Bela Vista, de onde é distribuída para o restante da cidade. Recentemente, a própria capacidade da Lopes 1 foi aumentada em mais de 600%, através de um trabalho de desassoreamento, e ganhou mais 20 milhões de litros de água bruta.
O Sistema Lopes foi o primeiro construído para captação, no início dos anos 70. Nos anos seguintes, foram construídas as represas do Sistema Recanto, maiores e que, hoje, representam a maior parte da água bruta armazenada pela Coden.
No início deste ano, a Coden obteve, do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica, responsável pelos recursos hídricos no Estado), a renovação das outorgas de captação de água bruta para tratamento para os três sistemas. Os 30 litros que a Coden tem transferido por segundo para a Represa Lopes 2 estão dentro do limite da autorização para captação na Santo Ângelo.
A Coden trata e distribui, mensalmente, até 380 mil metros cúbicos.

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